TRADIÇÕES
Ao longo do ano realizavam-se vários eventos na localidade a maior parte deles associados ao calendário liturgico, alguns dos quais se foram perdendo fundamentalmente pelas grandes alterações demograficas e hábitos de vida.
As janeiras e os reis
No ínicio do ano comemoravam-se as janeiras no dia 1 e os reis no dia 6 junto á habitação de cada morador abastado, com cânticos e um peditório em que era recolhido dinheiro e produtos agricolas, nomeadamente castanhas, nozes, maçãs….... Consoante o que cada um dava assim era o cântico após a recolha, a louvar se esta era do agrado dos pedintes ou a maldizer .
Encomendar as almas
No período da quaresma era normal encomendar as almas que consistia em uma vez por semana algumas mulheres entoarem canticos religiosos alusivos á quadra na colina do outeiro por volta da meia noite.
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As alvíssaras
No sábado de Páscoa havia a competição das alvíssaras que consistia em ver quem era o primeiro a tocar o sino há meia noite anunciando a ressureição de Cristo. Por outro lado uma vez que era usual os santos dos diversos altares estavam cobertos por panos roxos, tambem havia a disputa de quem era o mais rápido a libertar o santo respetivo desses panos. Conta-se que certo ano, segundos após a meia noite, um jovem subindo a correr as escadas do campanário, pensando que desta vez ele ganharia as alvíssaras, foi surprendido ao chegar junto dos sinos com estes a tocar sem que estivesse mais alguem no topo do campanário. Deparou então com dois cordeis amarrados aos badalos que alguem puxava de uma varanda proxima da igreija.
Festa do S. António
No dia 13 de Junho ocorre a grande festividade do Santo António o padreiro da povoação. Associada a esta festividade havia o hábito, uma vez que se considerava o Santo protetor dos animais domésticos, de trazer as vacas, os burros e os rebanhos a dar a volta ao adro. Com os grandes rebanhos a correr atrás do pastor e uma vez que havia ovelhas iam ficando para trás, conseguia-se que as primeiras alcançassem as últimas, saindo nessa altura o pastor do circuito seguindo as ovelhas correndo umas atrás das outras até ficarem completamente cansadas. Apesar de se continuar a festejar o santo no dia 13 de junho, esta festa assume também particular relevo, desde há três anos, no primeiro ou segundo fim de semana da Agosto, para dar a possibilidade de associar os emigrantes da terra espalhados pelo mundo, com relevo para os que vivem e trabalham no continente europeu.
Festa da Ascenção
No dia festivo de 15 de Agosto a igreija era ornamentada a rigor por dentro, a cargo das raparigas e por fora por conta dos rapazes. Os rapazes na noite de 14 para 15, recolhiam os vasos de flores das varandas e das janelas das moças e colocavam-nas enfeitando a torre do campanário e a cimalha do telhado da igreija e o muro de vedação do adro. O enfeite permanecia por vários dias, tendo os jovens o cuidado de todas as noites irem regar aqueles vasos dado estar-se no auge do verão. Com o andar dos anos, constatando que algumas moças recolhiam os vasos com as flores mais bonitas para dentro de casa nessa noite, passaram a rouba-los uns dias antes e a esconde-los em palheiros sem que alguem os descobrisse. Pelo menos num ano chegou a haver quem apresentasse queixa do “roubo” para a GNR das Freixedas mas sem consequências.
Fogo do Natal
Com a aproximação da época festiva do Natal havia o hábito de a anunciar através do toque do sino. Nos anos 50 e 60 do Seculo XX eram os jovens em idade escolar que no ínicio de dezembro com regularidade iam tocar ao sino. Mais perto da data festiva o tocar o sino estendia-se a todas as idades, sendo que na véspera tocava ininterruptamente até a altas horas da manhã do próprio dia 25 . Na noite de 24 para 25 o tocar do sino servia tambem para abafar o ruido dos carros de bois que transportavam grandes troncos de lenha, alguns desviados pelos rapazes, para o largo fronteiro á igreija onde nessa noite de iniciava o fogo de natal, que em alguns anos ardia até ao dia 1 de janeiro. Conta-se que houve anos em que, quando do inicio da fogueira com os materiais mais fácilmente combustiveis, as chamas eram tão fortes queos vidros das casas mais proximas partiam com o calor. A tradição ainda se vem mantendo mas em moldes diferentes.
Pagar o vinho
Havia grande rivalidade entre aldeias próximas nomeadamente nos aspetos desportivos e nos namoricos. Rapaz que se prendesse de amores por moça da terra tinha que merecer a confiança da juventude da aldeia.O namoro tendo em vista o casamento só era considerado oficial quando o pretendente pagasse o vinho. Para tal em data previamente combinada, tinha que pagar para toda a rapaziada da aldeia na taberna ou noutro local, todo o vinho que eles desejassem beber nesse dia (mais concretamente nessa noite). Como se está a ver era uma noite de grandes bebedeiras.
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